Retinopatia Diabética: um grave problemas ocular


O diabetes melito é uma doença causada pela falta absoluta ou relativa de insulina no organismo, necessária para que a glicose seja absorvida e metabolizada pelas células para gerar energia. Quando a insulina produzida pelo pâncreas se torna insuficiente, os níveis de glicose se elevam, cuja taxa normal, em jejum, é de 70 a 110 mg por 100 ml de sangue.

A Organização Mundial de Saúde reconhece o Diabetes como a 3ª maior causa de mortes no mundo, superada apenas pelas doenças cardio-vasculares e câncer, constituindo num grave problema de saúde pública em conseqüência de sua alta prevalência e, infelizmente, da elevada taxa de complicações crônicas associadas. No Brasil acomete 7,6% da população, sendo que 50% dos portadores de diabetes desconhecem o diagnóstico.

O diabetes melito é classificado, principalmente, em diabetes melito insulino-dependente (ou tipo I) quando pouca ou nenhuma insulina é produzida pelo pâncreas, sendo necessário o uso de insulina subcutânea (embaixo da pele) e normalmente se desenvolve na infância ou no início da idade adulta e o diabetes melito não insulino-dependente (ou tipo II) que representa a grande maioria dos casos e que pode ser controlada com dieta, ou associada com medicamentos orais, embora também possa ser necessário o uso da insulina. O diabetes tipo II ao contrário do tipo I, ocorre geralmente em adultos com mais de 40 anos, principalmente acima do peso, além do fator hereditário. Existem outros tipos de diabetes menos freqüentes como, por exemplo, o que ocorre na gravidez,sendo classificado como diabetes gestacional e normalmente desaparece ao final da gestação.

Os principais sintomas que o paciente diabético pode apresentar são:

  •  Sede intensa 
  •  Fome excessiva 
  •  Vontade freqüente de urinar 
  •  Perda de peso 
  •  Cansaço fácil 
  •  Visão embaçada 
  •  Infecções freqüentes da pele, gengiva, bexiga ou vagina


Algumas pessoas não apresentam sintomas ou são vagos e descobrem a doenças através de um exame de sangue de rotina pela dosagem de glicose em jejum. Pode ser necessária uma segunda dosagem para a confirmação, à critério médico.

Diabetes e a saúde ocular
O diabetes provoca uma série de complicações que podem afetar a saúde ocular e predispõe a maior incidência de catarata, complicações corneanas e o glaucoma. Além disso, provoca retinopatia diabética, sendo a principal causa de cegueira irreversível no Brasil e no mundo.

Os níveis elevados de açúcar no sangue podem danificar os vasos sanguíneos da retina (micro-circulação retiniana) provocando vazamento de fluídos e sangue, fazendo com que a retina fique edemaciada (inchada) e ocorram acúmulos de depósitos amarelados chamados exsudatos. A visão começa a ser afetada quando isso ocorre na mácula - área da retina que nos permite ver detalhes. Esta fase inicial é chamada de Retinopatia Diabética não Proliferativa que prevalece na grande maioria dos casos e provoca uma baixa de visão discreta a moderada. A outra forma mais grave chamada de Retinopatia Diabética Proliferativa, ocorre numa fase mais avançada, com a formação de neovasos (novos vasos) altamente incompetentes e fibroses que tendem a retrair e, caso não haja tratamento, podem provocar complicações como: hemorragia vítrea, descolamento tracional de retina e glaucoma neovascular.

Na Retinopatia Diabética não Proliferativa o tratamento é a fotocoagulação com laser focal em áreas de extravazamento, tentando impedir ou reverter o edema macular e nas áreas isquêmicas para diminuir os fatores estimuladores de angiogênese (formação de vasos). Já na Retinopatia Diabética Proliferativa a extensão da fotocoagulação é bem maior chamada de panfotocoagulação, preservando a área macular. Nos casos de hemorragia vítrea não absorvida, ou recidivante, bem como nos descolamentos tracionais de retina, a vitrectomia é a solução cirúrgica mais adequada.

Recomenda-se que o portador de diabetes tipo I procure o oftalmologista no máximo até cinco anos depois de instalada a doença e que o portador do diabetes II o faça tão logo seja confirmada o diagnóstico.

O mais eficiente tratamento da Retinopatia Diabética é evitar que ela ocorra, com o controle da glicemia, da pressão arterial e das taxas de gorduras no sangue, realizando atividades físicas, reduzindo peso e evitando o tabagismo.

Vários estudos têm demonstrado que quanto maior o tempo de aparecimento da diabetes maior a freqüência de retinopatia. A detecção precoce das alterações retinianas e o acompanhamento clínico e oftalmológico periódico são importantes para o bom prognóstico visual e uma boa qualidade de vida.

Por fim, cabe aos médicos clínicos gerais, endocrinologistas e principalmente oftalmologistas a conscientização deste grande problema de saúde pública que afeta grande parte da população, alertando seus pacientes dos perigos do diabetes e suas conseqüências, estabelecendo a possibilidade de diagnóstico e acompanhamento de milhares de diabéticos em todo o Brasil.